segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Atos e consequências: Até onde vale a pena ir?

  Eu vi uma postagem há um tempo e achei engraçado. Dizia "Mulher de roupa curta tá pedindo pra ser estuprada. Quer dizer que quando você sai na rua sem colete tá pedindo pra levar tiro?"
  
  Bem em qualquer rua não, mas se eu for atravessar um tiroteio sem, ou com colete, eu preciso ter consciência que eu posso sim tomar um, dois, dez, vários tiros. 

  Portanto posso andar por onde eu desejar, assim como a moça pode fazer o que ela bem entender, porem, em ambos os casos é preciso ter consciência  das consequências. 

  Por isso, antes de falarmos da cultura do estupro, é preciso falar da "cultura da consequência". Até que ponto vale a pena eu me afirmar? Infelizmente nos vivemos numa sociedade em que uma boa parcela é violenta e machista e não adianta fantasiar que isso vai mudar de uma hora pra outra. O estuprador não quer saber dos direitos da mulher, ele quer estuprar! Sabendo disso, porque não evitar? Por que facilitar a ação desses bossais? "Ah, mas existe estupro em todos os círculos da sociedade, desde o familiar até o religioso". Sim eu sei e entendo que em certos casos a mulher está totalmente vulnerável, mas em outros ela tem escolha sim. 

  Sendo assim, amadas, não tentem bancar as heroínas pra se afirmar no direito de ir, vestir e fazer o que quiser. Continuemos na luta com campanhas, manifestações, apelos, movimentos e tantas outras formas de expressão entretanto, entendamos que a realidade da sociedade é essa e é preciso se proteger enquanto ela não melhora. Façam pelos seus pais, filhos, irmãos, parentes e amigos que vão ter que receber a notícia que você foi violentada, porque tinha o direito de subir o morro pra curtir o baile funk no meio de traficantes sem ser estuprada.

  Eu tenho a esperança de um mundo melhor, mas enquanto não melhora, é melhor não se arriscar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Laços

E assim, é hora de dizer adeus. 
Mas não quero ver em seus olhos lágrimas de tristeza.
A nossa vida é repleta de idas e vindas;
Essa é só mais uma de várias.
Por favor, não se angustie o vosso coração;
Lembra-te das vezes em que sorrimos;
Guarda em ti esses momentos e deixa-me te ver como estava nesses dias.
Talvez eu não regresse. 
Entretanto, não importa.
Um laço nos une e por mais que o tempo passe, nossas almas continuarão as mesmas.
Importa é que um pouco de ti ficou guardado em mim e, por conta disso, 
Serei eternamente seu.

Thiago - 31/01/2012

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Renovar

Vivemos em um mundo de cobranças, onde todos exigem o balançar do barco mas ninguém se dispõe a pegar o remo. Um mundo onde a individualidade prevalece e a comunidade é só um meio de atender aos anseios, necessidades e desejos do corpo. Claro que temos o direito a nossa individualidade. Todavia, ele fica em segundo plano quando conflitadas com o casamento, a familia, o grupo ou comunidade a qual estou inserido. Quando Cristo teve de escolher entre Ele e o mundo, Ele escolheu o mundo. Quem vai contrariar o Mestre dos mestres? Foi Ele quem disse: "Ama a Deus sobre todas as coisas e ama ao teu próximo como a ti mesmo" (Lucas 10:27) e "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 13:15). Sábias palavras.

Nada vai mudar, a menos que você mude primeiro. E esta ocorrerá na mesma proporção da sua própria mudança. As pessoas não são más. Elas são egoistas, centralizadoras. Estão mais preocupadas com o seu próprio bem estar do que com um bem maior. Suas dores, suas necessidades e seu sofrimento de alguma forma são sempre maiores e mais intensos.
 
Suas conclusões e sua forma de ver o mundo são inquestionáveis e seu descaso com o impacto gerado através das suas atitudes é frequente. Isso pode ser compreensível para crianças, entretanto, fica mal visto para pessoas que se dizem adultas. Pessoas que pregam sua liberdade mas não são capazes de lavar a própria roupa. As mesmas que passam dos limites reivindicando o direito de fazer o que bem entender e não conseguem ao menos suprir com as suas próprias necessidades. 

Sendo assim, nada vai mudar enquanto vivermos como modelo padrão, acreditando que estamos no caminho certo e o universo inteiro está conspirando contra nossos ideais. Está na hora de baixar o volume do celular, de parar na faixa de pedestre, de pedir licença, de esperar, se dedicar. Talvez o mundo mude. É, ele muda sim. Mas quem vai mudar o mundo? Eu não sei. Por enquanto vou deixando essa mania de largar roupa suja no banheiro. Se não pode mudar o mundo inteiro, tente mudar o seu mundo.

Thiago Carvalho - 19/12/2011

domingo, 23 de outubro de 2011

Menina

Era assim que ela ganhava a vida. 
Menina nova, moça mulher, 
Resolveu se lançar ao mundo depois de engravidar cedo,

Muito cedo. 

Agora se via nessa rotina, 
No entrelaçar de corpos desconhecidos, rostos desfigurados. 
Gritos, ecos, gemidos. 
 Nada importa. É diversão, é dinheiro, é prazer. 

São objetos, acham que estão usando mas estão apenas sendo usados, 
Quanta ingênuidade! 

E assim a menina cresce, 
Amadurece 
E não vê que no amanhã se esconde uma noite tão sombria e densa, 
Quanto o coração que pulsa no compasso da sua solidão.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Desculpas

E ai pessoal, como estão?

Eu estou bem, obrigado. Extremamente atarefado, sobre carregado e acho melhor eu parar por aqui se não eu vou entrar em depressão. É que aconteceram tantas coisas nesse dois últimos meses, além de estar fazendo mais disciplinas na faculdade ainda troquei o dia pela noite. É, agora estou trabalhando durante a madrugada e isso destruiu com o meu metabolismo e até eu me recuperar e me adaptar foi fogo. Mas sobrevivi, já estou pronto pra outra!

Retornarei ao blog aos poucos, até porque, eu ando muito desorganizado em relação a tempo. Eu até tenho tempo, mas com esse negócio de dormir de dia eu acabo tentando fazer tudo de uma vez só e não faço nada, se é que vocês me entendem. Mas acredito que com o TEMPO e muito determinação as coisas se ajeitam, pelo menos espero.

Peço desculpas pela ausência e agradeço pela presença de vocês por aqui. É gratificante saber que mesmo que sejam poucos, sempre tem alguém para ler meus textos e que se preocupam de verdade quando por algum motivo eles não aparecem. Prometo fazer o possível para atualizar o blog regularmente e dar uma atenção aqueles que o acompanham pois é o minímo que eu posso fazer.

Bom estar por aqui!

Thiago

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amizade

O que é um amigo?
É aquela pessoa que eu posso contar, diria alguém.
Porém, se assim fosse, seriam meus amigos todos aqueles que vem ao meu auxilio.
Inclusive aquela senhora que juntou minhas moedas outro dia.
Talvez sejam, os amigos de um momento, como vários que já passaram por essa vida.
Aqueles que vem quando precisamos e somem sorrateiros, sem deixar vestígios.
Também fazemos esse papel de vez em quando.
Cada coisa no seu tempo, tudo se encaixa na hora certa.
Trocamos idéias, conhecimento, sentimentos.
Alguns duram uma vida, outros somente o tempo necessário;
O bastante para ser eterno, como diria o poeta.
Mas não deixam de ser importantes. São frutos da amizade.
A amizade é sentimento, ela funciona muito mais com o coração do que com o cérebro.
Gostamos de alguém pelos detalhes, as vezes nem sabemos porque;
O fulano é tão desastrado, sempre me mete em encrenca mas adoro ele!
São coisas que só o coração pode explicar;
E ele fala, mas só o escutamos com a alma.

É preciso entender que pessoas vem e ficam, outras vem e vão,
Se ninguém fica, ou se muita gente vai, é hora de repensar nossos atos.
Pessoas valiosas somem mais fácil do que aparecem.
Posso dizer que a amizade é como um jardim,
Para durar é preciso de cuidado sempre.
Caso contrário, ela morre.


Thiago Carvalho - 20/07/2010

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Morte e Vida

Suzana olha a foto do filho. Como de costume, nas noites em que não tem sono, ela senta no sofá da sala e chora, abraçada a uma das únicas lembranças que sobraram do seu doce pequeno, tudo isso regado a uma xicara de chá.

Os acontecimentos daquela noite lhe vem a mente de forma clara, em lembranças, em sonhos, como se fossem hoje. A porta de casa, a criança ferida, os gritos que ecoavam por toda a rua sem ter nenhuma resposta. Mesmo sem sentir a respiração do menino, mesmo sem sentir seu coração bater, mesmo se sentindo impotente, ela o carrega no colo em um choro inconsolável. Alguns vizinhos vão ao seu amparo mas já é tarde.

Muito tarde. Ela acorda assustada no sofá com o sol alto batendo no seu rosto. O retrato apertado contra o peito deixa marcas no seu corpo, mas nada comparado as marcas que há no coração. Na mesa de centro pousa um papel rabiscado. É um recado do marido. Não queria acordá-la e deixou ali escrito que chegaria mais tarde, "como naquela noite" pensou ela. "Não, esqueça isso. Não foi culpa dele." 

O sentimento de culpa lhe aperta o peito. Raiva e angustia se misturam ao desejo de nunca perder os entes queridos. Mas quando é que perdemos aqueles que amamos? A presença fisica é extremamente necessária para que possamos ser felizes por completo? Perder e ganhar faz parte do dia-a-dia. Todos são importantes, todavia, não podem e nem devem ser indispensáveis, tendo em vista que a morte é algo inevitável nas condições humanas. O exterior é essencial mas o que realmente importa está dentro de nós.

 Os corredores daquele orfanato fugia um pouco da precariedade em que se encontra as instiuições públicas atualmente. Apesar da infraestrutura decadente, seus funcionários se uniam em um esforço raramente visto, tentando proporcionar as crianças que ali viviam um ambiente mais aprazível. Suzana relutou um pouco quando Lúcia, uma das monitoras, lhe convidou para fazer parte do voluntariado. Seu psiquiatra, com quem já fazia terapia há quase um ano, gostou da idéia e imaginou que lhe faria bem. Por fim aceitou o convite há alguns dias e disponibilizava dez horas por semana para executar tarefas e serviços dos quais o orfanato necessitava. Geralmente, ela se atinha a algo em que pudesse trabalhar sozinha, perdida em seus pensamentos. Suzana estava em direção ao orfanato e nem imaginava que naquele dia ela teria que participar de uma tarefa diferente.

- Boa tarde Suzana! Como vai?
- Boa tarde Lúcia, estou bem e você?
- Me sinto ótima! Pronta para o serviço? Preciso que faça algo diferente hoje. Pode ser?
- Algo diferente? Como assim?
- Sabe a Vera? Que conta história para as crianças? Não veio hoje e eu preciso que você fique no lugar dela.
- Lúcia... Eu não sei se eu posso sabe? Por que não fica você mesma no lugar dela? Não seria melhor?
- Claro que você pode! Mas só estou te pedindo um favor. Você não precisa aceitar. Mas gostaria muito que fizesse isso.

"Meu Deus", pensa Suzana. "Ver todas aquelas crianças... Eu não vou suportar." Lúcia pousa a mão suavemente em seu ombro:

- Eles precisam de você tanto quanto ele precisava.

Ela fita seriamente a face serena de Lúcia, enquanto um filme passa na sua mente. Tudo o que aconteceu, dor, sofrimento, meses de terapia. "O mundo acabou? Não, talvez uma parte de mim que jamais ressucitará. Entretanto, há algo vivo. Ainda existe vida dentro de mim, ainda existem pessoas contando com essa vida. Não posso abandoná-los. O brilho dos seus olhos continuaram dentro de mim, mas é hora de me despedir. Eu te amo muito meu doce pequeno". 

Suzana sorri e abraça Lúcia longamente. Após, se dirige a sala onde as crianças esperam ansiosas o começo de uma nova história.

Thiago Carvalho - 15/06/2011