Ele saiu sem dizer mais nada. lágrimas rolavam, estava acabado. Cada um viveria sua vida agora. Tudo que construíram, até então, seguiriam do seu jeito. Sonhos, planos, promessas... Nada importava. Não, o amor não acabou. Certamente nunca existiu. Sabe aquelas fagulhas no coração, aquele estado de êxtase que leva a insanidade e procuramos palavras forte, pura, para intensificar o sentimento? Mas com o amor não existe meio termo. Ou é ou não é.
No colo a criança dorme. As mãos cerrada em punho, parece que já sente a insegurança que faz a falta da figura paterna. A mãe lhe olha com ternura, beija sua testa e sussurra baixinho: "Agora somos eu e você. Nunca vou te abandonar, é uma promessa..." Comovida, ela a abraça mais forte e as gotas caem de seus olhos em maior quantidade.
Ele nunca mais voltou. Nem um telefonema, notícias, nada. A dor da alma, abandonadas, como se fossem objetos sem mais utilidade, largadas a própria sorte. Todavia é preciso seguir em frente. O mundo não espera sua recomposição. Ela sofre, exausta, sobrecarregada. E ai descobre que um sorriso, mesmo sem a metade dos dentes, é revigorante. "Nunca vou te abandonar." A vida se abre em um leque de novidades, porém, foi necessário enxugar as lágrimas e se dispor a abrir o leque.
O parquinho. Depois de duras batalhas é hora de construir um pouco de felicidade. A menina dos olhos brinca, numa euforia de dar gosto. Ela assiste satisfeita, contente. Ele volta. Os sentimentos se misturam em um turbilhão de prazer e ódio. O desprezo, o coração em pedaços. Foi muito difícil. "Vai embora", diz ela. Lágrimas rolam no rosto do homem. Seu ego machucado, toda sua vida machucada. "Vocês não mereciam, eu errei, fui um tolo. Me perdoa."
O balanço vazio. Um filme na mente. A criança em pé curiosa. Ele a olha, sorridente. O sorriso é sincero. Ela foca nele. É o mesmo, apesar de abatido continua o mesmo. Foi cruel, ele deve ter tido seus motivos, mesquinhos, porém são seus motivos. Ela pondera: "Não posso condená-lo como fiz antes. Não posso carregar esse peso comigo. Já recuperei minha vida agora. Levar essa mágoa no coração não será mais do que um estorvo. Está perdoado."
Felicidade completa. A criança agora tem pai e mãe. Ele a abraça forte: "vamos ser uma familia novamente". Ela a pega pela mão, é hora de ir embora. "O papai não vai com a gente?" A mãe explica: "Papai decidiu morar sozinho. Ele vai voltar pra casa dele e vai te ver outra hora." Ele está confuso. Ela continua: "O fato de perdoá-lo não quer dizer que nada aconteceu. Ganhou sua segunda chance, mas há um enorme abismo entre o perdão e a confiança. Você só deu o primeiro passo.
Mãe e filha se vão e ele está no parque, abandonado.
Thiago Carvalho - 19/11/2010
Bom dia Thiago!
ResponderExcluirCada visita que faço aqui, é uma surpresa garantida de ser encontrada.
Excelente escrita,um conto com uma bagagem muito pesada...
Escrever sobre amor, perdão e confiança não é nada fácil...
Você consegue concentrar tudo em um só texto, com começo meio e fim...E no fim uma surpresa...
"O fato de perdoá-lo não quer dizer que nada aconteceu. Ganhou sua segunda chance, mas há um enorme abismo entre o perdão e a confiança. Você só deu o primeiro passo."
Você disse tudo nessa trecho!
Só com o sofrimento podemos conseguir um bagagem de ser mais firme com as coisas que amamos...
Lindo demais!!
Beijos na Alma
Bom final de semana, Amigo^^
Que lindo!
ResponderExcluirPerdão é uma dádiva de poucos. Não é nada fácil!
O ser humano se mágoa mais do que imagina, e o perdão sempre é a sua forma de liberdade que ele não busca.
Beijoss, bom fds!
Achei um pouco trsite em partes mas sobre tudo um belo texto. Parabéns. Sinto que eu tenho que lhe visitar mais para conseguir usufruir e refletir de suas palavras.
ResponderExcluirBem, passando aqui não só para comentar, mais também para agradecer a visita e o comentário no meu blog. Grande abraço!
Oi..
ResponderExcluirPuxa, mais um de seus textos maravilhosos...
E após a leitura, pude ver que perdoar verdadeiramente é "muito difícil".
Perdoar é um Dom.
BOM Final D.S.
Bjão ...
Oi , Thiago !
ResponderExcluirTe ler é sempre algo que nos faz bem ...
Perdoar é sublime e acredito trazer um bem
enorme à quem o pratica , talvez maior ao
que se sente perdoado.
Bjo e uma Noite de paz...
Palavras dignas de serem refletidas,
ResponderExcluirnão só nesse momento
como em toda separação dá para se
fazer tal analogia.
Gostei do que escreveu, principalmente
as últimas linhas.
E ainda ouvia Djavan quando lia seu post,
forneceu um reforço a mais a minha leitura.
Obrigado pelo carinho de sua visita,
sempre será bem vindo Thiago,
tenha uma ótima semana nobilissimo amigo.
Dan
Vidas destruidas, a tristeza do dia a dia
ResponderExcluirsaudações amigas e bom fim de semana
Sem palavras e fascinada!
ResponderExcluirSem palavras para elogiar o seu talento,muito lindo seu texto,fiquei admirada!
Você tem o dom de falar aos de mente pensante,de maneira unica,parabéns!
E fascinada por sua gentileza e atenção!
Mais uma vez agradeço por sua visita em A quinta Estação!
BeijosS
Entrei no seu espaço e vou ficar!
ResponderExcluirBelíssimas mensagens escritas em prosa admirada!
beijinho
Na verdade, "Ou é ou não é.".
ResponderExcluirAbraço
Vim agradecer a visita e o comentário e acabei vendo um trecho da minha vida relatado nas tuas palavras...
ResponderExcluirUm forte abraço, voltarei sempre! Assim como desejo perceber novamente tua presença por lá!
Ingrid
Oi Thiago!!
ResponderExcluirSou filha de pais separados,nao foi uma separaçao dolorosa como essa muito bem descrita acima, por isso acho que nao sofri tanto.Amei os 2 separadamente.
Uma das coisas que mais me ajudou a crescer sem rancor, foi o fato de minha mae nunca ter falado mal do meu pai,independente de todos os defeitos que ele tinha.
Aconselho isso no fundo do meu coraçao a todos os pais separados.
Super obrigada pela visita.
Olá Thiago!
ResponderExcluirRetribuindo sua passagem em meu blog... venho ler vc! Seu comentário deixado lá ficará para sempre gravado em meu coração! E depois da leitura que fiz aqui... vejo que vc tem o "saber" de usar palavras fortes! Gosto disso!
Fico para te seguir... com gosto!
Não vim antes... porque estava doente.
Beijo com carinho
Sil
Sempre aqui
Olá Thiago!
ResponderExcluirEu também vim retribuir uma visita e gostando do que li, acabei por ficar...
O seu texto retrata de forma muito sentida e bela, uma situação comum mas sempre dolorosa para quem a vive.
E vc tem toda a razão...há um abismo entre o perdão e a confiança.
Beijos
Só pra dizer que vc me desejou um dia de sol, e ele veio. ;) Obrigada!
ResponderExcluirThiago,
ResponderExcluirUm belo conto com ares de crônica, bem escrito, coisa de um bom escritor. Parabéns!
O perdão é nobreza de alma, mas concordo plenamente contigo,perdor é o primeiro passo, não quer dizer confiança, e sim uma segunda chance...
Um abraço, Marluce
Belíssimo texto, onde a vida cabe por inteiro e se repete, dia após dia.
ResponderExcluirGostei muito, Tiago, e admiro a sensibilidade com que escreves as tuas estórias.
Beijos.
Olá Thiago,
ResponderExcluirPara mim, confiança é algo que só se conquista uma vez, uma vez perdida nunca mais será a mesma.
Blog bacana!
Abraços!!
Muito bom mesmo seu texto, parabéns e tudo de bom.
ResponderExcluirPerdoar significa conviver com as consequências do ato que se sofreu, e isso não é fácil, na verdade é a parte mais difícil do perdão. Seu texto reflete bem esse ponto, pois mostra que a mãe perdoou o pai da criança mas, ainda acima do sacrifício de viver ao seu lado pela felicidade do filho, não suportou e foi embora.
ResponderExcluirBj
Adri
Eu estava nesse parque a 15 anos.... perdoar não dá confiança, credibilidade, principalmente quando repetisse... Se tu me conhecesse diria que tinha escrito minha vida, e a vida é como bola, rola sempre pro que se inclina...
ResponderExcluirBeijinhos.
Parabéns pelo texto. O perdão sem sombra de dúvidas, quando realizado com sinceridade, transforma nosso interior.
ResponderExcluirThiago,
ResponderExcluirVim retribuir seu carinho no meu blog, e me deparo com um texto tão real sobre a minha vida....mas...passa, como tudo na vida.
Um beijo pra ti!
Muito lindo, o seu texto!!! Tenho que confessar que não consegui segurar minhas lágrimas!!! Amei o seu blog!!!
ResponderExcluirE obrigada pela visita!!! Beijo.
Flávia.