sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Recomeçar

Ela estava chorando. Seus olhos corriam lágrimas incontidas. Ela não conseguia entender porque as pessoas tem que ir. Porque doí tanto a separação, às vezes, tão inesperada, tão avassaladora, tão triste. Sozinha naquele recanto ela ponderava, rodeada de um clima de tristeza.
Era como se o ar estivesse mais pesado. Tudo parecia mais pesado, mais difícil. Suas pernas tremiam, como se fosse impossível levantar. Quanto mais pensava, avaliava a situação, mais complicado lhe parecia. Não seria melhor ir junto? Pra que tanto sofrimento? Pra que viver separado de quem a gente gosta?
Um cachorrinho se encosta a ela, no vestido sujo. Ele olha sua carinha abatida, coloca a cabeça sobre seu colo. Ela percebe o cãozinho, lembra-se do acidente que ele tivera em que perdeu a pata e a mãe. "Não faz sentido", pensa ela. Como ele podia ser feliz naquele estado, depois de ter perdido quase tudo? "Espera", ele não perdeu tudo. Ele ainda tem a mim, a minha mãe, meus irmãos... Ela parou de chorar. Levantou-se de imediato, enxugou as lágrimas, bateu a poeira do vestido e olhou novamente aquele animal risonho que agora não parava de balançar o rabo freneticamente.
Se pôs a correr com o bichinho. brincaram até ela perder o fôlego. Enquanto brincavam, ela simplesmente pensava: "Já não posso fazer nada. É inútil ficar sofrendo. Vou correr e enquanto tiver pernas vou continuar correndo, até porque, ninguém vai fazer isso por mim. A opção de correr é minha".

Thiago Carvalho - 22/10/2010

2 comentários: